Introdução
Na virada dos anos 2000, servidores como o Apache utilizavam uma arquitetura pesada, criando um processo ou thread para cada nova conexão. Isso funcionava bem em sites pequenos, mas entrava em colapso sob alto volume de acessos. Foi então que Igor Sysoev, engenheiro de software russo, decidiu fazer diferente.
Ele iniciou o desenvolvimento do NGINX em 2002, com um objetivo muito claro:
Criar um servidor capaz de lidar com altíssimo tráfego com o mínimo de consumo de recursos.
Esse propósito continua sendo a essência do NGINX até hoje:
Ser uma peça invisível e confiável entre o navegador do usuário e os servidores internos de uma aplicação, entregando conteúdo de forma rápida, escalável e estável.
O NGINX foi lançado como código aberto em 2004, com uma arquitetura inovadora baseada em eventos assíncronos e não-bloqueantes. Em vez de um processo por conexão, ele utiliza um modelo inteligente e enxuto, permitindo que um único processo gerencie milhares de requisições simultaneamente, com mínimo de recursos e máxima eficiência, sem a sobrecarga de modelos baseados em múltiplos processos.
De lá para cá, o NGINX virou uma das tecnologias mais utilizadas da internet, servindo desde pequenos sites até gigantes como Netflix, Dropbox, GitHub e Airbnb. Em 2019, a empresa NGINX Inc. foi adquirida pela F5 Networks, consolidando sua importância estratégica na infraestrutura digital moderna.
“A maioria dos usuários nunca notará que está interagindo com o NGINX. Mas boa parte da internet passa por ele.”
— Igor Sysoev (entrevista de 2014)
Apesar de ser mais conhecido por seu uso em servidores Linux, o NGINX também funciona no Windows — e é aí que começa a parte surpreendente da nossa jornada.
Por que usar NGINX no Windows?
Quando se fala em NGINX, a maioria das pessoas pensa imediatamente em servidores Linux — e com razão: é onde ele é mais testado e amplamente utilizado. Porém, o que poucos sabem (ou sequer cogitam) é que o NGINX também funciona muito bem no Windows.
E isso levanta uma pergunta:
Se o NGINX é tão bom no Linux, por que alguém usaria no Windows?
A resposta é simples: porque, em muitos casos, é prático, funcional e... suficiente, tais como:
- Ambientes de desenvolvimento: Se você desenvolve aplicações no Windows (Node.js, .NET, GO, Delphi, etc.) e quer simular o ambiente de produção, o NGINX pode atuar como proxy reverso local, exatamente como fará no servidor de produção;
- Servidores leves e dedicados: Muitas aplicações corporativas ou internas rodam em ambientes Windows. Em vez de instalar servidores pesados como IIS ou Apache, o NGINX oferece uma alternativa leve, rápida e fácil de configurar;
- Integração com sistemas legados: Coloque o NGINX na frente de um sistema legado e ganhe compressão, SSL, controle de acesso e redirecionamentos — sem tocar no código original;
- Automatização com
.bat
: Com arquivos.bat
, é possível criar scripts para iniciar e parar o servidor, gerar subdomínios, renovar certificados SSL, fazer backup e até atualizar dinamicamente onginx.conf
; - Funciona — e muito bem: Mesmo com suporte parcial a alguns módulos, o NGINX no Windows é estável o suficiente para atender soluções reais, com desempenho impressionante para seu tamanho.
E se eu te dissesse que seu Windows também pode ser poderoso?
Você que está criando seu próprio aplicativo — talvez com Node.js, .NET, GO, Delphi, ou até Python — já se perguntou:
"Será que minha aplicação aguenta centenas ou milhares de acessos simultâneos?"
E talvez já tenha ouvido por aí que:
- Windows não é confiável para isso;
- Que NGINX é só para quem domina Linux, terminal e DevOps avançado;
- Ou que servidores profissionais exigem uma estrutura complexa e cara.
Nada disso é verdade.
O que muitos não sabem é que:
- O NGINX tem uma versão oficial para Windows;
- Ele é leve, fácil de instalar e pode ser controlado com um simples arquivo
.bat
; - Ele permite servir seu aplicativo, roteá-lo, protegê-lo e até balancear carga entre múltiplas instâncias;
- E sim, com SSL ativo, proteção contra ataques, compressão, headers e tudo o que você vê em grandes ambientes.
Você não precisa de uma cloud cara, nem de um time de DevOps.
Você só precisa de um pouco de curiosidade e do NGINX.
O Windows ainda é o sistema operacional mais usado em ambientes de desenvolvimento. E com as ferramentas certas, ele pode também ser seu ambiente de produção — com muito mais desempenho do que você imagina.
Achou interessante? Espera só até ver o que vem por aí.
Acompanhe os próximos capítulos e descubra como automatizar com simplicidade e criatividade.