Introdução
Padrões. Algo fixo, repetitivo, que pressupõe uma forma definida e previsível.
Projeto. Algo que antecede a execução, que envolve planejamento, criatividade e adaptação. E quando você junta esses dois termos, parece que estamos falando de um livro de receitas imutáveis que devemos seguir à risca para produzir código. Mas a realidade do desenvolvimento de software não é tão simples.
O que são Padrões de Projeto?
Padrões de Projeto são, na verdade, soluções flexíveis para problemas recorrentes. Não são fórmulas prontas, mas sim guias que nos ajudam a pensar em como estruturar soluções de forma inteligente e reutilizável. Essa ideia não surgiu no mundo da computação, mas na arquitetura física, com o trabalho do arquiteto Christopher Alexander.
A origem do conceito
Christopher Alexander, no final dos anos 70, publicou o livro A Pattern Language, onde apresentou o conceito de que construções de qualidade nascem de soluções que se repetem, mas que também precisam se adaptar ao contexto. Uma varanda, por exemplo, deve ser acolhedora, e uma janela deve oferecer uma vista agradável, não importa o formato ou o tamanho. O princípio é que, embora o objetivo seja constante, a forma pode (e deve) variar conforme as necessidades do ambiente.
Da arquitetura física para o software
Essa ideia foi posteriormente adaptada para o desenvolvimento de software por quatro desenvolvedores – Erich Gamma, Richard Helm, Ralph Johnson e John Vlissides – no clássico livro Design Patterns: Elements of Reusable Object-Oriented Software, que ficou conhecido como o "Livro dos GoF" (Gang of Four). Eles trouxeram esses conceitos para a engenharia de software, criando um conjunto de padrões que podem ser reutilizados para resolver problemas comuns em sistemas orientados a objetos.
Onde a confusão começa?
Mas é aqui que a confusão realmente começa. Diferente de varandas e janelas, que são estruturas físicas e visíveis, o software é uma construção abstrata. Os problemas raramente se repetem da mesma forma, e as soluções precisam considerar o contexto. Não dá para simplesmente aplicar um padrão esperando que ele funcione sempre da mesma maneira.
E é aqui que entra o verdadeiro valor dos padrões de projeto. Eles não são dogmas, mas sim ferramentas para descrever soluções, maneiras de comunicar ideias complexas de forma clara e eficiente. Quando você entende isso, percebe que os padrões não são limitadores – são facilitadores. Eles não te engessam, mas te ajudam a pensar com mais clareza, a identificar problemas e a comunicar soluções para outros desenvolvedores de forma precisa.
Então, precisamos deles?
Sim, mas precisamos usá-los com inteligência e propósito. Não como fórmulas mágicas, mas como ferramentas que expandem nosso repertório de soluções.
Conclusão
- Padrões não são regras.
- Projeto não é documentação – é estrutura, é lógica, é clareza.
- Você não precisa usar todos os padrões – precisa resolver o problema da forma mais direta, clara e adaptada ao contexto.
- Se quiser usar padrões, use com consciência. Se quiser quebrar padrões, faça isso com confiança.
Aqui no TheCodeNaked, a regra é uma só: Entenda o que está fazendo.